(Capela dedicada à Senhora Sant'Ana em Umburanas. Foto: PASCOM)
A devoção a Senhora
Sant’Ana, no distrito Umburanas, em Mauriti, surge em 1849, a partir da devoção
particular da senhora Isabel Furtado Leite (in memorian), tida como a
“matriarca de Umburanas”. No mesmo ano, nascia, em sua residência, uma criança
batizada com o nome de Joaquim Furtado Leite, recebendo o sacramento sob a
sombra de um grande pé de Umbuzeiro. Passados 47 anos, o major Joaquim Antônio Furtado doara o
seu suor para a construção de uma capela, no mesmo local onde Joaquim Furtado Leite fora batizado, dedicada
à gloriosa Senhora Sant'Ana e a São Joaquim, seu esposo. Construído o templo,
começaram a acontecer as primeiras festas e a devoção foi espalhando-se
distrito afora.
(Réplica da imagem original de S. Joaquim e, ao fundo, as imagens históricas dos pais de Maria. Foto: PASCOM)
(Interior da capela dedicada à Senhora Sant'Ana, em Umburanas. Foto: PASCOM)
Este ano, a festa de Senhora
Sant'Ana culmina 122 anos de realização. De 16 a 26 julho, devotos de
perto, mas também de longe, uniram-se aquela pequena porção do povo de Deus, à
7 quilômetros da sede municipal de Mauriti, para renderem louvores aos avós de
Jesus Cristo. Entre eles, destacam-se os filhos da terra que residem em outras
localidades do país, mas que se fazem presentes no distrito, durante o período
festivo, mantendo vivo o legado cultural de seus antepassados que já passaram à
casa paterna.
(Devotos e filhos da terra na parte exterior da capela. Foto: PASCOM)
Na manhã de ontem (26), ao raiar o sol das 10h, o pároco, padre Fernandes José, presidiu a missa
de encerramento da festa. Na homilia, padre Fernandes menciona a liturgia do
dia como uma “ponte” para adentrarmos na realidade do Antigo Testamento, no
qual os homens justos e profetas aguardavam, ansiosamente, a chegada do
Salvador. Segundo o pároco, os corações de Sant’Ana e Joaquim eram como tal:
“com certeza, suplicavam que a manifestação da salvação de Deus pudesse
acontecer”, disse. Enquanto aguardam o cumprimento da promessa da salvação,
Sant'Ana e Joaquim são agraciados, pois geram a Virgem Maria, aquela que trouxe
a salvação à humanidade: “a mente de Maria foi preenchida pela promessa da
salvação. A maioria das imagens de Sant’Ana aparecem ela sentada, com um livro,
ensinando a Virgem Maria, ainda criança, ou seja, transmitindo à Virgem Maria
tudo aquilo que deveria acontecer: a manifestação plena da graça de Deus”. Nas
palavras do padre, Sant’Ana não tinha a consciência que aquela que havia sido
gerada em seu ventre seria a que traria o salvador da humanidade. “Por isso,
olhar para Sant’Ana e Joaquim é uma forma de lançarmos o olhar sobre o Antigo
Testamento – a promessa – e trazer essa realidade para os nossos dias, pois as
promessas de Deus estão, aos poucos, sendo esquecidas”, explicou.
(Pe. Fernandes, pároco, cumprimentando os fiéis presentes para a celebração da Santa Eucaristia. Foto: PASCOM)
Hoje (26), também celebrado
o dia dos avós, padre Fernandes faz uma exortação às avós, mães e pais
presentes na assembleia, sobre a importância da catequese familiar na vida das
crianças: "vocês são os primeiros catequistas de vossos filhos. A missão
da Igreja não é ensinar a criança a rezar, mas, na catequese, transmitir a
doutrina da Igreja. Quem deve ensinar as crianças a rezarem são vocês. Sant'Ana
foi a primeira catequista de Nossa Senhora, e, Nossa Senhora; a primeira de
Jesus", destacou.
(Pe. Fernandes em sua homilia. Foto: PASCOM)
Após a missa, os andores de
Senhora Sant'Ana e São Joaquim saíram em procissão percorrendo as ruas do
distrito. Lá, é tradição que as famílias da comunidade conduzam, ainda que por
um instante, o andor da padroeira. Enquanto uma das mãos seguram o madeiro, a
outras permanecem dadas. Para eles, além de um sinal de união familiar, é
também um "pagamento de promessa". Seu José Bernardo, por exemplo,
tem 68 anos; participa da festa desde os 10. Segundo ele, dia de hoje, não pode
deixar de "pegar no andor" de Senhora Sant'Ana: "eu tinha um
problema no estômago. Comecei a ter a devoção por Senhora Sant'Ana e então
fiquei curado. Primeiro, pelo poder de Deus, depois, pela intercessão de
Senhora Sant'Ana. Não precisei sequer de médicos. Hoje, tenho a promessa de
carregar o andor, não posso falhar", disse.
(Procissão pelas ruas do distrito com a imagem de Sant'Ana, levada pelos seus devotos. Foto: PASCOM)
(Procissão pelas ruas do distrito com a imagem de Sant'Ana, levada pelos seus devotos. Foto: PASCOM)
(Sob o forte sol, fiéis participam com devoção da procissão de Sant'Ana, em Umburanas. Foto: PASCOM)
Terminada a procissão, houve
o descer do "pau da bandeira" enquanto os fiéis buscavam, no andor,
retirar sua flor e levarem consigo para casa, como memória dos dias festivos -
outra tradição preservada no dia da festa.
(Estandarte com a imagem de Sant'Ana e a Virgem Maria fixado à haste. Foto: PASCOM)
(Descida do "pau da bandeira", último momento dos festejos alusivos à padroeira. Foto: PASCOM)
(Descida do "pau da bandeira", último momento dos festejos alusivos à padroeira. Foto: PASCOM)
(Criança segurando algumas flores que ornamentaram o andor de Senhora Sant'Ana. Foto: PASCOM)
Pastoral da Comunicação - PASCOM
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