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Peregrina dos Enfermos em Mauriti-CE: ver, sentir compaixão e cuidar



“Iria aonde Ela me indicasse, seja para um apostolado concreto, seja para uma visita a um doente… Sempre procurei realizar essas coisas, naturalmente com a ajuda da graça, porque só com minhas forças não poderia ter realizado isso” (João Luiz Pozzobon)
Karen Bueno – A primeira vez que Maria Liracir Dias de Morais entrou num hospital, levando a imagem da Mãe Peregrina de Schoenstatt, ela deparou-se com a aflição de uma família: “No dia 21 de julho de 2015, eu visitei a pessoa mais enferma que eu já vi nos dias de minha vida. Era uma pessoa de idade avançada, tinha sofrido um acidente e passado por várias cirurgias, não se alimentava, estava quase morta. A esposa e as filhas tentaram levar a Eucaristia e a Unção dos Enfermos até ele, mas não deu certo. Quando cheguei, também chegaram as Irmãs em Juazeiro do Norte/CE e levaram a comunhão para ele. Foi uma alegria tão grande. Essa foi a minha primeira visita [com a Mãe Peregrina] e hoje ele está curado. Para mim foi um milagre. É uma restauração e uma renovação”.
Essa experiência abriu as portas para muitas outras vivências que hoje ela experimenta como missionária da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, na modalidade dedicada aos Enfermos. Maria Liracir mora em Mauriti/CE, cuja Paróquia Nossa Senhora da Conceição conta com 14 missionários da Mãe Peregrina dos Enfermos, atendendo a mais de 90 doentes. Uma das imagens também visita os pacientes do Hospital e Maternidade São José, onde muita gente recebe as graças da Mãe Peregrina por meio desse apostolado.
 No hospital, a Mãe vai até as enfermarias
A assistente social Rozangela Maria de Oliveira Araruna trabalha no Hospital São José, em Mauriti. Espontaneamente ela levava uma imagem da Mãe e Rainha para visitar os pacientes e rezar com eles, até que conheceu a Campanha.
“E um certo dia resolvi levar a Mãe e Rainha para visitar as enfermarias. Eu levava, rezava um mistério do terço e aguardava os pacientes terminarem de rezar o terço comigo. E fiquei fazendo isso todos os dias. Num determinado tempo, recebi um convite do coordenador da Pastoral dos Enfermos para participar, porque ele estava sabendo que eu estava movimentando a imagem com os nossos usuários do hospital. Para mim foi prazeroso participar, porque era uma coisa que eu já vinha fazendo no meu dia a dia. É uma coisa que eu faço porque acredito no poder de Mãe e Rainha, acredito nos milagres que têm acontecido a cada dia. O nosso povo tem uma fé muito fervorosa, então nos ajuda muito”, ela conta.

Com a Mãe, a doença se torna um meio de santificação
O dentista José Andrade de Sousa Filho, atual coordenador da Campanha para os Enfermos na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, conta: “Fui convidado para ser o coordenador paroquial há três anos. Sou profissional de Saúde e o que me levou a fazer parte foi a possibilidade da junção do meu profissional com o serviço à Igreja; a partir de então, poderia usar essa ferramenta para confortar também o lado espiritual dos enfermos – ou seja, realizar um trabalho físico e espiritual”.
Ele continua: “De início achei um trabalho muito bonito e caridoso. Esse gesto tão simples e, ao mesmo tempo, tão importante para os enfermos me fez gostar cada vez mais desse serviço da Igreja. Nada mais gratificante do que levar a Mãe e Rainha e Jesus aos corações martirizados pela doença. Receber a visita da Mãe Peregrina é uma forma de conforto para eles. Como toda mãe, a visita da Mãe Peregrina ajuda os doentes a não se sentirem sós, abandonados… Como uma verdadeira Mãe, ela coloca seus filhos doentes no colo e dá o alento necessário para que eles se sintam capazes de enfrentar esse mal que os acometeu. À Mãe e Rainha são feitos pedidos, orações, recebem-se graças e, pela intercessão dela, surgem muitos relatos de verdadeiros milagres, de cura do corpo e da alma. Os idosos e enfermos que recebem a visita da Mãe e Rainha não veem a doença como um castigo, mas como um meio de santificação da alma”.

Para todos a gente leva aquela palavra de conforto e de alegria
Maria Liracir visita atualmente, com regularidade, cerca de dez enfermos na Comunidade Pitombeira. “No dia 18 de julho de 2015 eu recebi a missão de visitar os enfermos com a imagem da Mãe Peregrina. O que me levou a trabalhar com o Apostolado dos Enfermos foi levar a oração aos doentes, visitá-los, saber como estão e levar uma palavra de conforto. É grande a alegria que eles têm ao nos receber”.
Para ela, o mais marcante é ver a fé e a alegria dos doentes que acolhem a Mãe: “Quando eu chego com aquela imagem, eles ficam tão felizes; no dia que eu retorno para buscá-la e levá-la para a próxima família, eles dizem: ‘Já vai levar a Mãe?’. Nós vamos a cada três ou quatro dias levar e buscar a imagem. Eles sempre pedem: ‘Deixa mais tempo’, e acabamos deixando, às vezes, por uma semana. Quando a gente retorna, fazemos orações, lemos o Evangelho, fazemos uma pregação e em seguida seguimos para a casa de outro enfermo. E assim sucessivamente, a gente nunca para. Num mês eu visito cerca de dez enfermos. Quando surge alguém que fez uma cirurgia, ou teve outro problema de saúde, a gente também vai, visita, leva a imagem, faz uma oração. Isso traz uma fé renovada e uma alegria. Por onde a gente passa, lemos a Palavra de Deus, rezamos a Oração dos Enfermos, a Oração da Mãe e Rainha e é uma grande alegria sermos recebidos por essas famílias e ver a alegria que eles têm em receber a visita da Mãe”.
Ver, sentir compaixão e cuidar é a proposta da Campanha da Fraternidade deste ano e é justamente o que ocorre na visita aos enfermos: “Muitos relatam seus problemas, desabafam, choram, outros sorriem e ficam contentes. E a gente tem que sentar, parar, ouvir. É muito gratificante ver a alegria desses idosos e dos doentes. A gente vê, muitas vezes, a carência: tem senhora morando sozinha em casa; tem senhor morando sozinho; tem filha cuidando de dois enfermos, de cadeirante… Para todos a gente leva aquela palavra de conforto e de alegria”, diz Maria Liracir.

Fotos: Rozangela Maria de Oliveira Araruna, com autorização dos respectivos pacientes

Pastoral da Comunicação - PASCOM

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