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Campanha solidária arrecada 4.000Kg de alimentos e beneficia 380 famílias na cidade de Mauriti-CE

 


Emocionada, Dona Maria Aparecida relata que, em sua casa, na semana passada, houve dias os quais ela amanheceu com os armários completamente vazios, preocupando-se com o que haveria de dar para seus filhos se alimentarem. No dia vinte e sete de maio, o único mantimento que tinha era o feijão e este acabaria na primeira e única refeição que fizessem ao longo do dia, não sobrando nada para o dia seguinte.

Por conseguinte, Dona Raimunda Alves conta que, de apenas dois pacotes de cuscuz que ela tinha em casa para fazer a comida, um deles doou para pessoas que, como ela, estavam necessitando de alimentos. 

Percebe-se, então, dois extremos: o fiel que tem fome de pão e o que, mesmo tendo pouco, reparte  com o irmão para não haver [ou pelo menos diminuir] a necessidade entre eles.

Esses fatos foram constatados durante a ação solidária emergencial “É tempo de cuidar”, que está sendo realizada em diversas paróquias e dioceses do país e, recentemente, foi aderida também pela paróquia Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Mauriti, da Diocese de Crato (CE). A campanha, lançada no último dia primeiro e encerrada as atividades no dia vinte e oito, teve como objetivo arrecadar alimentos não perecíveis os quais foram distribuídos entre famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica por causa da pandemia do coronavírus, que alavancou uma crise não somente na saúde pública, mas, também, em outros setores da sociedade, como o da economia, e resultou na elevação do índice de desemprego. Para identificar as famílias que estavam passando por esse tipo de dificuldade, um mapeamento foi realizado nas comunidades do município usando como critério máximo a necessidade de alimento nas residências, independentemente da religião das pessoas ou se não tinham uma participação efetiva nas atividades da Igreja.

O projeto movimentou as pastorais, movimentos e comunidades da paróquia para a sua realização, contando também com o apoio da Prefeitura Municipal. Como resultado, exatos 4.000 Kg de alimentos foram doados pelos paroquianos, comerciantes, empresários e filhos da terra residentes em outras cidades e estados. Ao todo, as doações contemplaram 380 famílias espalhadas pela sede, distritos e zonas rurais da cidade.


Padre Edivan Carlos Guedes, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, agradeceu aos coordenadores, agentes de pastorais e membros das comunidades pelo empenho e gratuidade dispensados a esta campanha, como também cumprimentou as pessoas de boa vontade que abriram o coração para partilhar, com alegria, o pão com aqueles que não o têm, conforme ensina o evangelho nos Atos dos Apóstolos [capítulo dois e versículo quarenta e quatro: todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum]. “Tudo o que temos é para partilhar com os irmãos: 'É tempo de cuidar!' . A CNBB nos convoca, como Igreja, a vivermos esta realidade: cuidar do outro é olhar com carinho para ele”, disse o sacerdote.

Para a coordenador geral da campanha, Leandro Furtado, o objetivo da ação foi concretizado: "o que colocamos no papel, conseguimos realizar", afirmou. O jovem relata a experiência dele e de outros voluntários ao percorrerem estrada afora ao encontro das famílias necessitadas, algumas delas residentes em locais quase inacessíveis. Por mais que não tenham conseguido contemplar todas as pessoas que estão necessitando devido a extensão territorial do município, as famílias que receberam as cestas estavam de fato precisando e isso foi, para todos, motivo de emoção. “Uns diziam: ‘foi providência! Eu não tinha o que comer amanhã!’. Essa campanha nos fez renovar a nossa fé. E ações como essa vêm para isso! Foi uma experiência a qual eu não consigo nem expressar! Ao mesmo tempo que nos dói por vermos famílias que não têm o que comer, foi muito gratificante por sabermos que o pouco que ofertamos as ajudarão a passar mais alguns dias”, disse. 


Em nome da paróquia, nas pessoas dos sacerdotes e da coordenação da campanha, Leandro agradeceu a todos os doadores e voluntários que foram essenciais para fazer esta ação acontecer. Ele pontua, ainda, que embora todos os setores da sociedade estejam atingidos pelas consequências da pandemia, a união deles permitiu que cada um fizesse um pouco de seu dever não apenas como Cristão, mas como ser humano, que reconhece que é necessário o convívio com as pessoas e ajudá-las em suas necessidades. “Para mim, não haveria sentido em viver no mundo sozinho. Eu preciso ajudar aqueles que estão ao meu redor”, finalizou. 


*Os nomes utilizados no início da reportagem são pseudônimos para resguardar a identidade das pessoas.

Por Pastoral da Comunicação - PASCOM

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