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O sacramento da Confissão: respondendo algumas perguntas



Neste tempo Quaresmal, a Igreja nos convida, de forma mais intensa, a buscarmos a nossa conversão. Para isso, a própria Igreja dispõe de práticas e sacramentos que nos levam à reconciliação com Deus. Um deles é o sacramento da Confissão, do qual iremos falar, hoje, o porquê que devemos buscar o sacramento da Confissão para limparmos nossa alma da mancha do pecado e qual a sua fundamentação bíblica. 

Devemos confessar nossos pecados com - e apenas com - um sacerdote? 

Sem sombra de dúvidas, sim! Assim como Cristo foi enviado pelo Pai para a remissão dos pecados da humanidade, Ele mesmo envia os apóstolos e seus sucessores para reconciliar os pecadores com Deus, como está escrito em João, 20, 21-22: "antes que Ele lhes concedesse o poder de perdoar pecados, Jesus disse aos apóstolos: 'assim como o Pai me enviou, também eu vos envio. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'recebei o Espírito Santo'".

O Senhor sopra sobre os apóstolos e depois dá-lhes o poder de perdoar e reter os pecados. Vale ressaltar que o único momento nas Escrituras onde Deus respira sobre o homem está em Gn 2, 7, quando o Senhor “assopra” a vida divina no homem. Quando isso acontece, uma transformação significativa ocorre. Eis, no gesto de Jesus, um simbolismo importante.

E, ainda no Evangelho de João, Jesus continua dizendo: “aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” 

E por que o homem deve confessar, verbalmente, os seus pecados?

Ora, para que os apóstolos exerçam o dom de perdoar os pecados, o penitente deve confessar os seus pecados verbalmente, pois os apóstolos não têm conhecimento do que se passa na mente do confessor.

E de onde vem essa autoridade dos ministros de Cristo? 

Em Mt, 18-18, os apóstolos receberam autoridade de "ligar e desligar" aquilo que, ligado na terra, será ligado no céu, ou desligado na terra; desligado no céu. Isso inclui a administração e remoção de penas temporais devidas ao pecado. Os judeus compreenderam isso desde o nascimento da Igreja.

Um pouco mais em frente, em II Coríntios 5,18, o ministério da reconciliação foi dado aos embaixadores da Igreja. Esse ministério da reconciliação refere-se ao sacramento também chamado de Confissão ou Penitência.

Em Tiago 5, 15, vemos que os pecados dos enfermos são perdoados pelos sacerdotes. Este é outro exemplo da autoridade do homem de perdoar pecados na terra. Em seguida, no versículo 16, Tiago diz: “portanto, confessar nossos pecados uns aos outros”, em referência aos homens do quais se tratam no versículo 15, isto é, os "pais" da Igreja e não apenas em particular, com Deus.

O texto de Tiago 5, 16 deve ser lido no contexto de Tiago 5, 14-15, que está se referindo ao poder de cura - física e espiritual - dos sacerdotes da Santa Igreja. Assim, São Tiago refere-se aos homens sobre os quais escreve nos versículos 14 e 15, ou seja, os sacerdotes ordenados na Igreja, a quem devemos confessar nossos pecados.

A confissão oral sempre foi uma prática da Igreja?

Sim! Os Atos dos Apóstolos explicam, em 19, 18, que muitos chegaram a confessar os pecados por via oral e divulgar suas práticas pecaminosas. Confissão oral era a prática da Igreja primitiva, tal como é hoje.

A Igreja Católica organizou os livros do cânon da Bíblia que todos tem hoje, logo, A Igreja conhece profundamente aquilo que criou. 

Por fim, "levaram a Jesus um homem paralítico, e desceram ele pelo telhado para que Jesus o currasse. Jesus então lhe disse: seus pecados estão perdoados. (Mateus 9,2). 

Os fariseus se perguntam: “por que este homem fala dessa maneira? Ele está blasfemando. Quem pode perdoar pecados a não ser um só, Deus?” Marcos 2, 7. Jesus diz: “por que vocês estão raciocinando essas coisas no coração? O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘seus pecados estão perdoados’, ou: ‘levante-se, apanhe a sua maca e ande?” (Marcos 2, 8-9).

Busquemos, pois, a confissão para estarmos em paz com Deus e contemplarmos a sua infinita misericórdia. Deus nos ama e quer conceder-nos o seu perdão para participarmos do banquete da vida eterna.


Por Gabriel Monteiro/PASCOM

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