Minha devoção a Maria vem do berço, pois Deus me concedeu uma mãe que exalava por todos os poros a devoção mariana. Trazia no pescoço um rosário e dele não largava, e foi assim que fui criada, seguindo o exemplo de D. Raquel Leite Cavalcante. Aos cinco anos, já rezava o quinto mistério do terço todos os dias, pois naquela época as senhoras de Mauriti tinham esse costume de rezar o terço na matriz.
Adentrei na adolescência continuando a seguir a Imaculada. Fiz parte de saudosos grupos de jovens como o IESHUÁ, JAC, JUFRA, grupos esses que religiosamente viviam a prática de boas ovelhas, amando a Maria sempre.
Na fase já adulta casei-me, por ironia do destino, talvez, em alguns momentos estive afastada da Igreja templo, entretanto, jamais me afastei da espiritualidade. Continuei na igreja doméstica a cultuar meus santos de devoção e a rezar o terço, como sempre, seguindo o exemplo de minha maínha, e, nos momentos de dificuldades, de angústia e de dor, sendo ajudada pela mão da Imaculada.
Recordo das milhares de vezes em que as lágrimas escorriam no meu rosto e eu balbuciava e até mesmo gritava: - Mãezinha do céu, me ajudaaaaa! Me acudaaaa! Vem em meu socorro! E de repente sentia como se alguém ao meu lado dissesse: - Calma, filha! Calma! E a situação se resolvia no tempo de Deus.
Teve um acontecimento em minha vida que convém aqui relatar: em 11 de outubro de 2006, estava eu a cantar a novena na capela de Nossa Sra. das Dores, bairro Serrinha, quando no final da celebração deveria eu fazer o solo da canção MÃE DO CÉU MORENA; eis que minha visão escureceu de forma tal que eu não visualizava nada ao meu redor, cochichei no ouvido da minha comadre ROSA, ao LADO, e disse que não estava bem, que não tinha condições de cantar. Ela, a comadre Rosa, me respondeu: você vai cantar, não temos no momento outra pessoa que faça esse solo. Cante, nossa Senhora de Aparecida irá lhe ajudar. Devo dizer que minha visão continuava escura e uma sensação de desmaio. O tecladista começou a introdução da música e eu comecei a cantar e olhar para o altar, me emocionei quando percebi que a visão estava escurecida para ver as pessoas, entretanto, a imagem de Nossa Sra. de Aparecida eu via claramente. Terminando a música, continuando não muito bem, fui até o centro, em uma farmácia, pedi para verificar minha pressão, resultou que o farmacêutico me encaminhou para o hospital e eu sem nada entender. Ao ser atendida naquela instituição, o médico de plantão disse que eu estava infartando. Imediatamente pedi socorro a Virgem de Aparecida, a Imaculada Conceição e fui socorrida de imediato, não precisando ser remanejada para nenhum outro hospital. Vejam, grande é a presença de Maria em minha vida.
Em todas as minhas gestações, que não foram fáceis, a Mãe de Jesus esteve comigo; na criação das minhas quatro filhas, Maria esteve sempre comigo; em todas as dificuldades financeiras, a mãe de Jesus estava comigo, em todas as angústias ela estava comigo...
Um outro episódio convém também descrever: em 23 de janeiro de 2011, estava eu participando da semana pedagógica no Centro Educacional de Mauriti. Após o almoço, dirigiram-se os professores para salas específicas, de acordo com a área de conhecimento; chegando à sala, minha visão ficou turva e o coração começou a acelerar. Fui levada ao Hospital local e outro infarto foi diagnosticado. Sendo transferida para Barbalha, passei 24h na UTI e mais 10 dias na enfermaria. Sabe por que eu retornei para uma nova vida? Porque Maria atendeu minhas preces e quando a gente pede a mãe, o filho atende.
Em 2015, dia 31 de maio, após fazer solo de uma canção, também passei mal: coração acelerou, a vista escureceu, suor excessivo, mais uma vez fui ao hospital local e, constatado um infarto, pediram vaga na UTI dos hospitais da região, enquanto eu me socorria de N. Sra. da Conceição, pedindo pra que ela não me deixasse ir para UTI, por lá já tinha passado e não é fácil passar por aquele lugar. Ela prontamente me socorreu, meu quadro foi melhorando e a transferência foi descartada.
Iniciei um tratamento com cardiologista durante dois anos. Após uma série de exames, um diagnóstico foi dado. Pasmem aqueles que lerem: Margarida Sofia, a mulher extrovertida que fazia teatro, que dava palestra, que cantava, diagnosticada com SINDROME DO PÂNICO, DEPRESSÃO, ANSIEDADE Generalizada, que triste para mim a situação, oh quanto foi angustiante receber aquele diagnóstico, fui encaminhada para tratamento psiquiátrico e terapêutico. Não aceitei essa condição. Todos os dias pedia à Nossa Senhora para me livrar desse mal. A cura ainda não veio, mas em todos momentos de crise, a primeira a segurar na minha mão é a Imaculada Conceição, é a Mãe das Dores, É a Virgem de Aparecida, é Mãe Rainha, enfim, todas as Nossas Senhoras, que são a mesma mãe de Deus.
Em 09 de Julho de 2017, numa celebração na Capela Sra. Santana, na Vila Sta. Ana, passei mal outra vez, com os mesmos sintomas já descritos em outra ocasião, me dirigi ao hospital e mais uma vez infartando; pediram a UTI novamente e eu pedi a Nossa Senhora pra não mais voltar àquele lugar, outra vez fui atendida, o quadro melhorou e foi daí que comecei um doloroso tratamento contra a depressão e outros males oriundos dela. Fui ao fundo do poço por diversas vezes, e todas as vezes fui içada por Jesus a pedido de sua mãe Maria Santíssima. Hoje o tratamento continua guiado pelos médicos, mas especialmente cuidado pela Imaculada Conceição. Hoje também a fibromialgia é um mal que me acompanha. É uma situação dolorosa, literalmente... sabe porque eu resisto? Porque eu sou de Nossa Senhora e Nossa Senhora é minha.
Em 09 de Novembro de 2019, Deus recolheu a minha mãe terrena. Que momento doloroso foi aquele, a minha jóia, o meu maior exemplo, meu eterno amor tinha me deixado, faltou-me o chão, achei que não ia resistir à sua ausência, porém com a ajuda de Nossa Senhora vou vivendo...
Após registrar tantas lamúrias para que outros possam compreender a minha devoção por Maria, não posso deixar de assinalar as minhas composições para Maria, todas foram feitas inspiradas pela ação do Espírito Santo, mas norteadas pelo meu amor por N. Sra, que não tem medidas. É infinito. E assim termino meu relato com a frase que diz na canção: MARIA TEU LINDO NOME, É TODO ENCANTO E LUZ. QUANDO EU TE CHAMO MARIA, TU LOGO CHAMAS JESUS...
Por Margarida Sofia Cavalcante
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