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Salve a Heroína da Castidade: imagem e relíquia de Benigna Cardoso visitam Paróquia N.Sra. da Conceição

Em 2018, a cantora e professora mauritiense Dodora Oliveira foi diagnosticada com micro nódulos nas cordas vocais, cujo tratamento exigiria o afastamento dos microfones e das salas de aula. Após um ano de cuidados intensos com a garganta, retornou ao otorrinolaringologista e, embora muitos micro nódulos houvessem cessado, ainda restava um por meio do qual era limitada a realizar as suas atividades vocais, exaustando-se com muita facilidade ao cantar ou ministrar uma aula. Foi então que ela aprofundou sua devoção à Serva de Deus Benigna Cardoso, embora há muito tempo já conhecesse e rezasse pela causa. No período do tratamento, diariamente fazia suas orações e, simbolicamente, matinha sua prece escrita e guardada em um pequeno pote, fazendo menção ao objeto que Benigna carregava em mãos no dia de seu martírio. “Eu rezava todos os dias e eu comecei a contemplar as bolinhas brancas do vestido de Benigna, que representam a pureza. Por esta pureza, que é a tua santidade, pede a Jesus para triar esse nódulo da minha corda vocal”, rezava. Emocionada, ela conta “fui rezando com fé por vários meses e fui sentindo que a graça aconteceu”. Hoje Dodora está curada, cantando em louvor a Deus e dando suas aulas normalmente, graça esta que atribui a intercessão da jovem mártir da pureza. 

Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no interior cearense. Aos treze anos, na fatídica tarde do dia 24 de outubro de 1941, foi brutalmente assassinada após lutar bravamente contra um rapaz que tentou assediá-la e que já vinha a cortejando com frequência, porém, sem sucesso, pois a menina guardava consigo a defesa da honra e os ensinamentos cristãos que, desde muito cedo, estavam impressos em sua personalidade. Para não ceder aos desejos imorais de Raul Alves, Benigna defendeu-se do ataque que culminou em severos golpes de facão dados pelo rapaz e que ceifaram a sua vida. 

Invocada sob o título de Heroína da Castidade, no dia 24 de outubro será beatificada, tornando-se a primeira Beata do Ceará e a quarta do Brasil, um lírio que nascido no sertão cuja essência exala o olor da santidade pelo martírio, principalmente, mas por toda uma vida regrada em Deus. 

Na tarde de hoje, 19 de maio, a estampa de Benigna e uma relíquia de segundo grau, o seu livro de orações, estiveram em peregrinação à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, dentro do cronograma de visitas a toda a Diocese do Crato, em preparação para a cerimônia de beatificação. Os ícones foram acolhidos por volta das 15h no patamar da Igreja Matriz e, logo em seguida, aconteceu a Santa Missa presidida pelo Padre Paulo Evangelista, de Santana do Cariri, terra da Menina Benigna. 

Na homilia, Padre Paulo destaca a presença constante do verbo “permanecer” no Evangelho dos últimos dias e associa esta permanência a perseverança em Cristo, já que Ele diz “Permanecei no meu amor” (Jo 15, 9-11). “Perseverar em Deus é guardar os seus mandamentos e criar esta relação profunda de intimidade. Quando não criamos esta relação, passamos pela vida sem dar os frutos que deveríamos. Quando os ramos estão ligados à videira, somos capazes de dar muitos frutos. Se permanecemos nesse amor, ainda que a nossa passagem seja curta, nossa vida é capaz de dar frutos e esses frutos permanecem, como a vida de Benigna. Uma vida simples, pequena, mas que está arraigada em Cristo e porque permaneceu em Cristo, sua vida foi frutífera e é inspiradora. E Jesus diz: ‘que o Vosso fruto permaneça’. A felicidade do homem de Deus é permanecer em Cristo, ainda que para isso seja necessário perder a vida neste mundo”, refletiu.

Após a Missa, a imagem e relíquia ficaram expostas para veneração dos fiéis até o momento dos Exercícios Marianos. Terminada a novena, ao lado da imagem de Nossa Senhora, foram conduzidas até rua Eremita Granjeiro Sampaio que, em clima de festa, acolheu os fiéis para o momento da coroação da imagem. 
“Assim como a Virgem Maria foi ornada com a coroa da glória celeste, a jovem Benigna foi coroada com a coroa do martírio”, refletiu o Padre Paulo, que agradeceu a acolhida e a receptividade da comunidade mauritiense neste dia de festa.

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