(Foto: reprodução) |
Por Fabrício Furtado/Pastoral de Comunicação - PASCOM
Desponta o sol de primeiro de maio e com ele, ao devoto fiel de Nossa Senhora, um tempo de muito alegrar o coração: o mês dedicado à Virgem Maria.
Qual garôa que reveste as plantas nas frias manhãs dessa época do ano, tamanho sentimento de contentamento reveste a minha casa sempre que o calendário marca 01/05. Neste dia minha família recebe a visita da imagem de Nossa Senhora.
No interior, onde o povo não se acanha em rezar, o ditoso mês de maio é vivido com muito afinco. Cada família é visitada por uma imagem de Nossa Senhora, geralmente conduzida num andor ladeado por muitas flores e acompanhada por um povo de fé que canta, a uma só voz, os merecidos louvores à Mãe de Deus.
Na minha casa, recordo-me que, desde bem pequeno, eu aguardava ansiosamente a hora de preparar a mesa. Era primeiro de maio. Um gesto tão simples, todavia, a mim, de grande valia, preparar o local onde seria posta a imagem. Um singelo espaço na sala era dedicado. Frente à "parede dos santos", uma pequena mesa de madeira, coberta por uma toalha branca, de renda, com um pequeno "arranjo" de flores e um castiçal comportando duas velas. Lembro perfeitamente até do último ajuste que minha irmã fazia na toalha da mesa de modo que ela não ficasse solta por completa.
Houvera aí, posso afirmar, nascido a minha devoção pela Virgem Imaculada, num especial costume de ofertar a Ela um lugar em minha casa, estendendo o gesto ao coração que, se fazendo morada de Cristo, devia ter também um espaço dedicado a sua Mãe Santíssima.
Chegava a noite. Passando a hora do Ângelus, pouco tempo depois escutava ecoar a uma certa distância o "Ave, Ave, Maria...", conhecido e piedoso bendito popular que era entoado pelas inúmeras pessoas que acompanhavam a imagem até às famílias. Cada vez mais o canto se aproximava. Quando o sentia bem perto, corria eu buscar o fósforo na cozinha e acender as velas que estavam sobre a mesa.
Da calçada observava aproximar aquela pequena procissão com a imagem da Virgem, ladeada por um "mar de velas" formado pelas pessoas que vinham. Meus pais, que também já estavam a postos na calçada, iam ao encontro da imagem para recebê-la, pois, conforme o costume, ela deve ser recebida pelos donos da casa. E assim traziam-na ao interior da sala.
O povo entrava atrás apagando suas velas. Ali todos se ajeitavam de modo que a sala comportasse todos. Em e como comunidade, rezávamos todos o terço de Nossa Senhora, seguido do ofício e mais outros cânticos marianos. Nem víamos a hora passar. Depois das orações vinha a tradicional partilha do lanche.
Quão feliz era aquela cena que, ainda hoje, se repete todos os anos. O primeiro de maio, na casa verde-clara situada a 'cabeça do alto', já parece com pessoas rezando, gente na calçada, crianças correndo no terreiro. Um rico momento em comunidade do qual a liquidez dos tempos atuais pouco nos deixa desfrutar. E assim se repetia esse exercício com as demais famílias. Eu, desde sempre, pequenino, acompanhava todos até findar o mês com a tradicional coroação da imagem. Até hoje guardamos esse costume e vivemos esse primeiro de maio com motivação de alegria. Falar nisso, daqui a pouco é hora de preparar a mesa.
Gente que testemunho lindo vamos preparar a mesa do nosso coração pra ter espaço pra nossa mãe santíssima poder entrar .É daqui a pouco
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