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MÊS DE MAIO: Maria de minha infância



Por: Elias Erivaldo de Moraes Júnior

"Eu era pequeno, nem me lembro
Só lembro que à noite, ao pé da cama
Juntava as mãozinhas e rezava apressado
Mas rezava como alguém que ama
Nas Ave - Marias que eu rezava
Eu sempre engolia umas palavras
E muito cansado acabava dormindo
Mas dormia como quem amava"

Não foi à toa que coloquei o título deste relato "Maria de minha infância", fazendo menção à música de mesmo nome, composta pelo Pe. Zezinho... e vou falar o porquê.
Minha mãe, Judite Gomes, sempre gostou das cantigas compostas pelo Pe. Zezinho; ela possuía uma fita cassete que havia não só músicas marianas, mas outras belas canções do padre-cantor. Ao ressoar as canções naquele aparelho de som preto, antigo, eu comecei a amar aquelas músicas, mesmo sem entender direito muitas palavras contidas nas letras. Acredito que a Virgem me cativou ali, com aquelas canções, na minha inocência. 



As coisas da Igreja sempre foram presença forte em minha vida, desde a tenra idade. Lembro-me que meus pais me levavam às missas dominicais, aquilo me fascinava! Minha vizinha, Dona Luzinete, também sempre me levava com ela para as procissões e me presenteava com imagens de santos quando voltava de Canindé. Eu amava!
Mas o que realmente eu amava era "brincar de celebrar a Missa", vestido numa camisa do meu pai (para tentar imitar a batina do padre), saía pelas calçadas da rua cantando os benditos à Nossa Senhora, fazendo andor em caixa de sapato (algumas coisas eu me recordo vagamente, outras as pessoas me contam).

"Depois fui crescendo, eu me lembro", mas não fui esquecendo nossa amizade - entre mim e Nossa Senhora... Mais ou menos aos 10 anos de idade, meu maior sonho era que a imagem antiga de Nossa Senhora de Fátima, a que se encontra no altar esquerdo da matriz, viesse "dormir" em minha casa, na noite que ela fosse visitar minha rua. Eu olhava para aquela imagem e sentia meu coração sereno, era uma paz interior que até hoje eu não consigo decifrar ao admirá-la. Em um dia de maio do ano de 2001, se não me falha a memória, tia Fia (como chamo carinhosamente Maria de Fátima Medeiros), que era uma das coordenadoras do mês de maio em nossa rua, veio em minha casa dar uma notícia maravilhosa: que eu, junto com Patrícia (sua sobrinha), iria coroar Nossa Senhora na José Quintino e mais: a imagem iria pernoitar em minha casa. Quanta felicidade eu senti! Comer? Dormir? Eu não aguentava de tanta ansiedade!



Finalmente chegou o grande dia! Coroamos a imagem, que foi posta sob um altar com toalhas brancas, ornado de crianças trajadas de anjos e balões nas cores azul e branca. Mas o ápice foi a chegada da imagem em minha casa: passei a noite e madrugada adentro deitado no sofá da sala, admirando a imagem e mesmo com a insistência de minha mãe para que eu fosse  para o quarto, dormir, eu dizia que não, pois "não queria deixar Nossa Senhora sozinha na sala". E assim fiquei até às 5:30 da manhã, hora de deixar a imagem na Igreja Matriz.

Tia Fia relata que muitas pessoas da rua ficaram meio que aborrecidas devido a imagem ter vindo para minha casa sem ter sido por meio de sorteio, problema o qual ela levou ao saudoso Pe. Bosco, que admirou-se quando ouviu dela que eu havia passado a noite na sala com Nossa Senhora, elogiando sua atitude de ter deixado a imagem ficar em minha casa. Acredito que mais do que minha, era vontade de Nossa Senhora de vir visitar meu lar naquela noite. Não foi tia Fia quem escolheu, mas a própria Mãe do Céu por meio dela.



Várias outras lembranças marcantes tenho para contar nessa minha jornada com Maria: visitas à escola Pingo de Gente, quando eu estudava lá (que eu fazia questão de levantar cedo, vestir meu uniforme escolar e ir à missa, depois receber a imagem na escola). Eu ia por amor rezar o terço com Tia Ana (Ana Maria Sampaio), no horário escalado, não era somente para cumprir uma regra da escola ou cumprir o horário. Enfim, são muitas as memórias e histórias sobre o mês de maio em minha infância, adolescência e atualmente... que eu deixo para contar em outra hora.

Só quero finalizar afirmando sem medo de errar que: Nossa Senhora é uma exímia cativadora de corações! Salve Maria Imaculada!

"Foi Maria de Nazaré que me ensinou
O segredo que mudou o rumo do meu coração
Eu vivia dizendo não, e Maria me convenceu
Que pra gente se realizar, é preciso fazer o que Ele mandar"



PASTORAL DA COMUNICAÇÃO - PASCOM

Comentários

  1. Parabéns Juninho, chorei com seu relator confirmo tudo que você escreveu. Lembro do altar no seu quarto, o amor, carinho e devoção a Maria Santíssima. Que Ela te abençoe e seja sempre sua intercessora.

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  2. Elias Júnior és um exemplo de filho de Maria.

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