MÊS DE MAIO NO COITÉ, NOS ÁUREOS ANOS DA PROFA. MARIA STELLA MARANHÃO, de quem sou filha com muita honra e extrema felicidade.
Pequeno histórico de mamãe: Ela estudou interna no famoso Colégio Imaculada Conceição, em Fortaleza – CE, onde participava do movimento “Filhas de Maria” e também fora catequista. Após concluir o Curso Normal, que habilitava ao exercício do magistério, de volta ao Coité, sua terra Natal, como professora, funda a Escola Nossa Senhora de Fátima e, como catequista, torna lindo o mês de maio.
“Vos peço ó, Virgem Santíssima, que não deixais um só dia sem que vos renda homenagem no vosso mês, ó, Maria".
Como também a “Invenção da Santa Cruz”, realizada no dia 03, (devoção essa fundada de Santa Helena), aos pés do cruzeiro defronte a capela, no patamar. Enfeitava-se todo o cruzeiro com flores, de preferência eram pendoes de cana, flores da canafístula, rosas do mês de maio (conhecidas por cravo de defunto) e etc. Como não tinha luz elétrica para iluminá-lo na época do início da devoção, fazia-se um suporte de madeira rodeando-o e colocavam-se umas candeias feitas de barro com pavios de algodão. Colocava-se azeite de mamona e convidava meninos para, com dois pauzinhos, não deixar o pavio cair todo no azeite, o que era muito prazeroso. Pra dita criança convidada a tal fim, era uma honra extrema. Rezavam-se as orações apropriadas e entoavam-se vários hinos. Ainda perdura, com candeias feitas de lata de sardinha, da mesma maneira de antigamente, exceto esse ano. E encerra o ditoso mês no dia 31 com uma singela coroação de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira.
Com a chegada de minha mãe - como professora e catequista - na escola, durante todo o mês de maio, os alunos se concentravam na calçada da mesma e entravam em filas cantando um hino a Nossa Senhora, onde havia uma estrofe que dizia:
“Oh, belo mês, mês de Maria, alegre estou por teu chegar, que poderei vir cada dia, minha Mãe do céu exaltar".
Adentrando a classe, se rezava antes e depois da aula e havia sorteios de uns bilhetes, constando umas ações boas (para cada aluno, geralmente eram todos crianças, pois eram séries iniciais), por exemplo:
“Colocar flores hoje na Igreja, por amor a Nossa Senhora”; “Não comer doce hoje, por amor a Nossa Senhora”; “Ajudar em cassa hoje, por amor a Nossa Senhora”; “Fazer uma caridade hoje, por amor a Nossa Senhora”; “Não comer milho assado hoje, por amor a Nossa Senhora” e etc. Eram umas pequenas mortificações, mas tão prazerosas que nem eram tomadas por tal.
As aulas terminavam um pouco antes do horário. Iam todos à Igreja para o ensaio da coroação. Separavam-se as crianças que iam ser anjos, as crianças que iam participar do “ramalhete”, as que participavam do dito ramalhete eram todas vestidas de branco; saiam da porta principal da capela em direção ao altar e cantavam um hino, oferendo flores a Nossa Senhora, de par em par, (duas crianças de cada vez).
Iniciavam assim:
“Queremos a Maria / flores oferecer / Aceitai, oh, Virgem pia,/o nosso bom querer.” Estribilho: “Mãe de nosso amor, / recebe a flor,/ ó digna de Maria / faze que no Céu / possamos sem véu / te contemplar um dia,/ cantar com alegria / o teu louvor / o teu amor, / em celeste harmonia".
E cada par cantava um versinho. Em 1966, então pároco Pe. Argemiro fundava a Cruzadinha Eucarística de Cristo, ficando o citado ramalhete ao critério delas. Era lindo! (Hoje extintos). Ao saber que a coroação de Nossa Senhora da Conceição, no Coité, era linda, o então pároco Pe. Macedo se convidou a assisti-la, e, por isso, a coroação passou a ser no último domingo de maio. Era encantadora!
Mainha fundou também a peregrinação de Nossa Senhora aos lares coiteenses. A princípio era somente duas imagens, pois, no Coité, tinha poucas casas. Eram Nossa Senhora de Fátima e Nossa senhora Aparecida. Depois o Coité foi crescendo e acrescentando na peregrinação mais imagens, a fim de ser visitada por ela todas os lares coiteenses que desejassem recebê-la. Na casa onde era recebida, passava-se a noite toda cantando e rezando com a imagem, era um fervor sem igual.
Quando findava a peregrinação no Coité, Nossa Senhora de Fátima seguia para a Extrema. Era uma especial devoção do Sr. Antônio Higino, pai do nosso dileto amigo Higino. Concluída a peregrinação naquela localidade, a imagem retornava ao Coité, em esplêndida, encantadora e emocionante procissão. Os alunos da escola iam fardados e demais pessoas daquela comunidade com muitas homenagens escritas em faixas, cartazes, flores, etc, levando ainda contribuição em dinheiro para a capela do Coité. (Hoje extinta). Nossa senhora Aparecida seguia a comunidade do Mocambo, que retornava também em procissão, porém, mais simples.
Tudo isso que escrevi, participei, vivi com intensidade!
Hoje me resta a saudade...
PASTORAL DA COMUNICAÇÃO - PASCOM
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